sábado, 24 de março de 2012

TEMA 1 : Conceitos de Biodiversidade

Biodiversidade - Conceito Polissémico

De uma perspetiva etimológica a origem da palavra Biodiversidade é relativamente recente, como nos informa a WWF:
[...the word “Biodiversity” itself is actually quite new. "Biodiversity" was coined as a contraction of "biological diversity" in 1985. Clever eh? 
A symposium in 1986, and the follow-up book BioDiversity (Wilson 1986), edited by biologist E. O. Wilson, carved the way for common acceptance of the word and concept.
And as politicians, scientists, and conservationists became more interested in the state of the planet and the amazing complexity of life we became quite attached to this new word.]
Fonte: http://wwf.panda.org/about_our_earth/biodiversity/what_is_biodiversity/. Consultado a 2012/03/20

Mas se em termos etimológicos e de utilização o vocábulo aparenta ter a concordância generalizada, será que o mesmo se passa relativamente à forma como é percecionado? Vejamos...

What is biodiversity?



Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=YoN6xemoh1Q. Consultado a 2012/03/20


O resultado é que se está perante uma pluralidade de perceções, como se de um caleidoscópio se tratasse. A final... está-se perante a Vida! Como defini-la em toda a sua diversidade?

A literatura confirma que Biodiversidade é um conceito complexo e de difícil recorte, cuja definição dependerá da perspetiva teórica e da posicionalidade do autor.

Assim, e segundo Araújo (1998), podem agrupar-se em três grandes linhas, também elas prenhes de discussão, as diferentes perspetivas teóricas sobre o conceito:
  • A da mensurabilidade - Caso dos ecólogos das comunidades que associam a diversidade aos conceitos de riqueza (espécies raras) e de equitabilidade (espécies comuns). No fundo conceitos apenas separados pela ponderabilidade maior ou menor de um ou do outro grupo por parte do investigador. 
  • A da diferenciação taxonómica - Perspetiva dos taxonomistas, que em si comporta uma forte variabilidade de procedimentos e opções de classificação.
  • A do caráter pseudocognitivo do conceito - Ligada aos conservacionistas, que privilegiam o raro ou vulnerável, o belo e o incomum.

Concordo, no entanto, com Lovejoy, quando vem a terreiro defender: [Biodiversity has to be thought of in a number of diffrent ways.] (1996;7).
Seguindo o autor, há que pensar a Biodiversidade numa perspetiva evolucionária, numa perspetiva das comunidades naturais, no sentido coletivo e global mas também focando partes, como por exemplo as florestas tropicais. i.e., a racionalidade sobre a Biodiversidade deverá ser plural e multidimensional.


Biodiversidade - Mapa Concetual



Fonte: http://www.woodrow.org/teachers/bi/1999/projects/group9/Jackson/conceptmap.html. Consultado a 2012/03/24

Mais neste sentido posiciona-se a Convention on Biological Diversity (CBD), em vigor desde 29 de dez de 1993, no âmbito da UNEP. Com uma perspetiva mais abrangente a CBD adotou, conforme se pode ler no artigo 2 dos seus estatutos, entre outros, a definição:

[For the purposes of this Convention:
"Biological diversity" means the variability among living organisms from all sources including, inter alia, terrestrial, marine and other aquatic ecosystems and the ecological complexes of which they are part; this includes diversity within species, between species and of ecosystems.]
Fonte:  http://www.cbd.int/convention/articles/?a=cbd-02 Consultado a 2012/03/24

A Millennium Ecosystem Assessment (2005;18), vem apoiar esta definição, particularmente pela chamada de atenção que faz para a multidimensionalidade da Biodiversidade.



Considerações Finais

Desta breve reflexão releva a evidente necessidade de uma clarificação do conceito de Biodiversidade. Em Ciência, é o recorte claro do objeto, dos conceitos, dos métodos e dos objetivos que, em contínua relação retroativamente influente, quer nas metodologias quantitativas quer nas metodologias qualitativas, permitem o progresso da investigação.

Sem uma definição concetual de Biodiversidade, que possibilite um enquadramento teórico fundamentado e que, consequentemente, abra caminhos de investigação conduzentes a respostas claras, a definição de políticas e estratégias de conservação ver-se-á, como defende Frechette (2005), sujeita a muito maiores probabilidades de erro.



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Referências

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