domingo, 25 de março de 2012

TEMA 1 : O Valor da Biodiversidade


A multiplicidade de formas como a Biodiversidade é percecionada tem influência direta nos processos da sua avaliação para conservação e, consequentemente, nas estratégias e decisões políticas que, por sua vez, normatizarão a conduta social.

A situação de perda de Biodiversidade, sob pressão da atividade antrópica, a ritmos absolutamente devastadores, requer uma estratégia de conservação concertada 

De acordo com Araújo (1998),  mais importante do que o aprofundamento das leis científicas é a destrinça entre o conceito de Biodiversidade em si e as medidas necessárias para a sua conservação.
Assim, o autor defende, para além da clarificação dos conceitos, projetos e processos de avaliação da Biodiversidade que claramente definam o que se vai avaliar, porque se vai avaliar e como se vai avaliar, sublinhando a importância de [...distinguir claramente a diferença entre quantificação de biodiversidade, quantificação de valor associado à biodiversidade, e definição de prioridades de conservação. (...) A definição de prioridades de conservação deverá corresponder ao objetivo de maximização de valor, associado a considerações sobre o nível de urgência das medidas de conservação.] (1998;15)

Mas, embora o papel da Ciência seja incontornável no apoio às melhores estratégias e decisões políticas sobre a conservação da Biodiversidade, ao disponibilizar as melhores informações possíveis, é a sociedade que, em última instância, determinará o seu futuro. E, a perceção do Valor de Biodiversidade mais ecocêntrica ou mais antropocêntrica - evolucionária, ecológica, económica, social, cultural ou valor intrínseco - está diretamente ligada à sua conservação futura, como se pode verificar no esquema infra.

How Much Biodiversity Will Remain a Century from Now
under Different Value Frameworks?

The outer circle in the Figure represents the present level of global biodiversity. Each inner circle represents the level of biodiversity under different value frameworks. Question marks indicate the uncertainties over where the boundaries exist, and therefore the appropriate size of each circle under different value frameworks.



Fonte:  http://www.maweb.org/documents/document.354.aspx.pdf, p.7. Consultado a 2012/03/25.


Thus, it is important to realize that [Biodiversity is the foundation of ecosystem services 
to which human well-being is intimately linked.][1]



Fonte: http://www.maweb.org/documents/document.354.aspx.pdf, p.19. Consultado a 2012/03/25.


E porque é de Vida se trata, em toda a sua variedade e variabilidade, é imprescindível a referência à
Década da Biodiversidade.





Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=hiCQIJ9ETmc. Consultado a 2012/03/24


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[1] Fonte: http://www.greenfacts.org/en/biodiversity/l-3/1-define-biodiversity.htm. Consultado a 2012/03/24

1 comentário:

  1. “Valor da Biodiversidade”, falar de “valor” é bem mais profundo do que à primeira vista parece. Não podemos esquecer que relacionados com “valor” temos que perceber como se encadeiam os seus elementos constituintes (do “valor”): o “valor extrínseco” e “valor intrínseco”, sendo o primeiro visto enquanto valor instrumental das coisas por causa da sua utilização e o segundo o valor que uma determinada coisa tem devido á sua própria natureza. Por isso falar sobre “Valor da Biodiversidade” tem que ser visto nessas perspetivas: é inegável a utilidade (valor instrumental) que a Biodiversidade tem, pela valorização material que lhe damos, assim como é inegável o valor intrínseco porque há razões para a valorizar em si mesma e não apenas como meio. Tal está na origem de inúmeras discussões e em 19.10.2010, no lançamento do TEEB (The Economics of Ecosystems and Biodiversity), importante trabalho sobre o tema o Comissário Europeu do Ambiente, Janez Potočnik, declarou: «Embora, como é óbvio, valorizemos a natureza pelo seu valor intrínseco, também reconhecemos o seu valor económico na luta para travar a perda de biodiversidade. (…). Procuraremos formas de pôr em prática nas nossas políticas as análises desenvolvidas pelo TEEB. Estamos dispostos a apoiar iniciativas de países que demonstrem os benefícios e os custos do investimento na gestão da biodiversidade e dos serviços ligados aos ecossistemas.». Portanto o tema tem “pano para mangas”, porquanto as comunidades, desde a política às científicas, ainda não se entenderam numa definição, numa escala de valor, sendo, está provado, certo um reconhecimento, uma consciência: que tem valor, e muito, lá isso tem… E isto é o primeiro passo, espero, para grandes feitos.

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