domingo, 6 de maio de 2012

GEODIVERSIDADE - UM CONCEITO EM EVOLUÇÃO


Fig. 1 Himalaya Mountains - Mount Everest
Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=kSFur_X5moo

I look at these stones and know little about them,
But I know their gates are open too,
Always open, far longer open, than any bird’s can be,
That every one of them has had its gates wide open far longer
Than all birds put together, let alone humanity. . . .
What happens to us
Is irrelevant to the world’s geology
But what happens to the world’s geology
Is not irrelevant to us.
We must reconcile ourselves to the stones,
Not the stones to us. . . .
Let men find the faith that builds mountains
Before they seek the faith that moves them.

Hugh MacDiarmid, (1956) On a raised beach[i]


GEODIVERSIDADE: EVOLUÇÃO CONCETUAL[ii]


De acordo com Gray, o termo Geodiversidade emerge nos anos 90 do Séc. XX, quando geólogos e geomorfologistas o começaram a utilizar, para descrever a variedade da natureza abiótica, em resposta ao espetacular sucesso de Biodiversidade na galvanização de esforços para a conservação da vida selvagem.

Já nos anos 80, Kevin Kiernan, Tasmânia, utilizava termos em analogia com os conceitos da biologia como “landform diversity” e “geomorphic diversity” ou, "espécie de paisagem" e "comunidades de paisagem".

No entanto, apesar da evidência de vários esforços de conservação da natureza abiótica, já em finais do Séc. XIX, a conservação da natureza é entendida, em geral, como a conservação da vida selvagem. Seguindo Gray, Milton, em 2002, sintetizou a situação referindo que a diversidade na natureza era normalmente entendida como diversidade da natureza viva.

1993      Sharples              used it to cover “the diversity of earth features and systems”

1994      Kiernan               in studies of geological and geomorphological conservation
1995      Dixon                  in Tasmania

1996      Dixon                  ‘‘the range or diversity of geological (bedrock),
1997      Eberhard              geomorphological (landform) and soil features,
2002      Sharples               assemblages, systems and processes’’
2002      Australian           
              Heritage              
              Commission        

2002      Prosser                some geologists and geomorphologists saw “geodiversity” not only as a very useful new way of thinking about the abiotic world but also as a means of promoting geoconservation and putting it on a par with wildlife conservation

Hoje, o termo geodiversidade está integrado na Conservação da Natureza da Tasmânia, na Austrália, talvez em resultado da clarificação que em 2002 Sharples defendeu. A distinção concetual entre:
Geodiversidade a qualidade do que tentamos conservar;
Geoconservação o esforço de tentar conservar;
Património Geológico compreende exemplos concretos do que pode ser especificamente identificado como tendo significado conservação.

Também em outras partes do mundo o conceito começou a ser largamente utilizado.

Em 1998, Burnet et al. e Nichols et al. utilizam “Geomorphological heterogeneity” em Textos publicados nos USA.

Em 2001, Stanley definia Geodiversidade de forma abrangente como ‘‘(…) the link between people, landscapes and culture; it is the variety of geological environments, phenomena and processes that make those landscapes, rocks, minerals, fossils and soils which provide the framework for life on Earth’’. (Gray, 2004:7)

Nos países nórdicos o termo foi introduzido em 1996 pelo Conselho de Ministros na Conservação da Natureza e em 2000 Johansson, define Geodiversidade como ‘‘the complex variation of bedrock, unconsolidated deposits, landforms and processes that form landscapes (. . .) Geodiversity can be described as the diversity of geological and geomorphological phenomena in a defined area’’. (Gray, 2004:7)

Em 2004, Gray assume a seguinte definição: ‘‘Geodiversity: the natural range (diversity) of geological (rocks, minerals, fossils), geomorphological (land form, processes) and soil features. It includes their assemblages, relationships, properties, interpretations and systems’’.(2004:8)

Em Portugal, Brilha assume a mesma definição que a Royal Society for Nature Conservation do Reino Unido, para quem "a geodiversidade consiste na variedade de ambientes geológicos, fenómenos e processos ativos que dão origem a paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos e outros depósitos superficiais que são o suporte para a vida na Terra" (2005:17). [iii]


"A geodiversidade sustenta a biodiversidade e é o seu sistema de suporte de vida, criando assim um vínculo indissolúvel entre os dois. A geodiversidade dá-nos, ainda, um forte enquadramento de integração para as ciências da Terra, permitindo-nos ver rochas, minerais, sedimentos, fósseis, relevos, solos e processos, compreendendo uma geosfera com uma série de papéis e valores que necessitam de proteção e conservação." (Gray, 2004:348)


REFERÊNCIAS:

[i] Apud Gray, Murray (2004) Geodiversity valuing and conserving abiotic nature. Chichester, England. Disponível em: http://geoduma.files.wordpress.com/2010/02/geodiversity.pdf. Acedido a 5 de maio de 2012. p.371.
[ii] Fonte: Gray, Murray (2004) Geodiversity valuing and conserving abiotic nature. Chichester, England. Disponível em: http://geoduma.files.wordpress.com/2010/02/geodiversity.pdf. Acedido a 5 de maio de 2012. p.4-8.
[iii] Brilha, José. (2005) Património Geológico e Conservação: A Conservação da Natureza na sua Vertente Geológica. Disponível em: http://www.dct.uminho.pt/docentes/pdfs/jb_livro.pdf. Acedido a 4 de maio de 2012. p.17.


 

Sem comentários:

Enviar um comentário